Arquivo do autor:Michele Coelho

Um dever ou uma dívida?

Não poderia ser menos do que um escândalo, a notícia de mais de 36 mentiras ao longo de dois anos escritas em reportagens no jornal The New York Times. Acusado de fraude o jornalista Jayson Blair inventava personagens, frases e lugares. Dizia nas reportagens ter ido a locais por onde nunca havia passado, culpado ou não o jornal nunca checou as fontes de Blair antes da publicação, obviamente o caso provocou a sua demissão em 2003 e a quebra de credibilidade de um Jornal de nível mundial.

 De fato é um caso sobre uma carta de príncipios, e formação ética permanente dos jornalistas. Envolve a necessidade de checagem das fontes e uma maior acuidade na apuração, pois como bem afirmou Philip Meyer em A Ética no Jornalismo “o primeiro dever de um jornal é ser acurado, e se não puder ser isso, então não pode ser imparcial, equilibrado, ou útil à sociedade que serve”.

O uso da omissão da identidade das fontes como medida de segurança pessoal e também como forma de manutenção da própria fonte é de se entender, a necessidade está na busca pela veracidade que nem sempre está a mão, os fatos são difíceis de descobrir e verificar, e o papel jornalístico é resistir a tentação de abandonar a luta por um caminho mais fácil.

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Revolução silenciosa

A Cubana Yoni Sánchez é uma força representativa do atual poder dos blogs. A blogueira cubana encontrou uma alternativa para fugir das garras do regime repressor de Cuba, que assombra a própria liberdade de expressão, um dos direitos individuais mais importante de uma sociedade, as pessoas não podem ser livres para expressar suas opniões e serem informadas porque isso pode comprometer os projetos de poder, simples assim, mas a tecnologia veio para mudar os rumos dessa história e está tranformando cidadãos passivos consumidores de notícias produzidas por profissionais em participantes ativos, que podem criar seu próprio jornalismo.

 Foi o papel que Yoni Sánchez decidiu assumir, com o blog criado em abril de 2007, Generacion Y, virou um fenômeno. Com 170 posts, ele atraiu 170 mil comentários de leitores espalhados pelo mundo. Sánchez mostrou um pouco do dia-a-dia cubano, narra (pela rede) a repressão física e virtual que estão sofrendo pelo regime repressor e a falta de visão do governo em relação à era informacional que vivem. Em contrapartida o governo restringiu a internet a residentes estrangeiros e funcionários de altos cargos governamentais, além de fomentar o surgimento de blogueiros “oficiais” como Miriam Celaya, autora do blog Sinevasión, para confundir a população com informações forjadas. A estratégia que visa criar blogs oficiais para desmoralizar os independentes, só faz aumentar na rede a força das vozes contrárias ao governo e a fuga incessante de um silêncio imposto.

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